É demais a desfaçatez das autoridades em nosso país, por mais que os fatos apontem para atos imorais, anti-éticos ou mesmo ilegais, esses cretinos insistem em fazer transparecer a mais absoluta normalidade, como se tudo que vemos fosse obra da nossa imaginação. É claro também que muito desse descaramento, encontra respaldo na nossa passividade, pois somos incapazes de nos manifestarmos pública e ostensivamente contra toda essa ordem de absurdos.
E mais uma vez, contando com a inércia do povo, vem os senhores Magistrados demonstrar do que são capazes ao realizar um encontro (da famiglia)entre os Presidentes dos Tribunais de Justiça Estaduais num hotel de luxo em Manaus, com as despesas bancadas literalmente por um banco privado, o Bradesco (onde podemos facilmente entender os seus motivos), e pelo governo do estado do Amazonas.
Ocorre que, na programação do 91º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça não houve apenas palestras e reuniões, mas também eventos sociais e de turismo, como um passeio em iate pelo rio Negro, e que, segundo o presidente do T.J. do Amazonas, João Simões, o encontro custou cerca de R$ 200 mil, contudo, não revelando quanto cada patrocinador investiu, mas afirmou que o maior apoiador foi o governo estadual.
Segundo a reportagem, as cortes estaduais gastaram cerca de R$ 43 mil com a viagem de magistrados ou assessores.
Pois bem, será que é tão difícil perceber que há, no mínimo, algo de muito estranho nisso tudo, vemos diariamente os mais variados casos de ineficácia do sistema judiciário brasileiro, onde os casos, pelo menos para os menos favorecidos, o povo em geral, costumam se arrastar por anos a fio, acarretando na prática uma aplicação de INJUSTIÇA, enquanto vemos os magistrados se fartando do dinheiro público como verdadeiros representantes de uma aristrocacia cada vez mais forte e influente.
E essa aristocracia ou máfia, como queiram, para atingirem os seus objetivos e se perpetuarem nos seus postos vem praticando toda sorte do que poderíamos chamar de tráfico de influência, seja junto às esferas de governo,junto às grandes empresas e empresários ou aos representantes da classe econômica dominante em nossa sociedade, tomando parte em favor dos mesmos em detrimento do "inimigo" em comum, o povo.
Para exemplificar exatamente o que digo, na mesma reportagem é citado que o Tribunal de Justiça do Amazonas e o Bradesco já foram protagonistas de uma polêmica no ano passado, onde a "pedido do banco", o TJ-AM promoveu dois mutirões de conciliação judicial em que 90% dos processos tinham como autor o próprio banco ou empresas do grupo.
Diante de tudo o que fora dito, o que fazem as nossas autoridades? Com mais um exemplo, cito o que disse o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, João Simões, "que o dinheiro empregado pelo governo estadual no encontro de presidentes de tribunais é importante para o turismo local", negando também o conflito de interesses pelo fato de o evento ter sido patrocinado pelo Bradesco, pois para este senhor, "todo mundo é parte na Justiça".Disse ainda que, "Se não houvesse patrocínio, o evento não se realizaria. Dinheiro dos tribunais não pode ser usado", "as diárias dos magistrados, hoje na faixa de R$ 600, não dão para cobrir, e só com elas nós não conseguiríamos alugar um salão desse [salão nobre do hotel], alugar o som", completou.
Mais uma vez, esses cretinos contam com a nossa complacência, onde tem a convicção de que por mais que ajam fora de qualquer padrão ético, moral ou legal, ainda assim não correm qualquer risco de perderem o seu status de autoridades.
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