quarta-feira, 15 de junho de 2011

Copa e Olimpíadas, Eventos Ou Farras?


Sempre fui declaradamente contrário à qualquer possibilidade do nosso país abrigar eventos do porte de uma Copa do Mundo de Futebol ou Olimpíadas, e digo isso com muita consciência e tranquilidade, pois quem me conhece sabe do meu amor ao esporte como um todo.
Agora o que me leva a adotar essa linha de raciocínio a ponto de ter torcido com muita vontade, em mais de uma oportunidade, contra qualquer possibilidade do Brasil ser indicado para sediar esses eventos esportivos era a total consciência da farra que fariam com o nosso dinheiro, pois verbas públicas devem ser empregadas para satisfazer as necessidades do nosso povo como um todo e não apenas para uma parcela deles, ou alguém é estúpido o suficiente para acreditar que os públicos de qualquer um dos eventos ou mesmo se contabilizarmos os públicos da Copa do Mundo e das Olimpíadas juntos chegaremos a abrigar algo sequer próximo de 200 milhões de pessoas (estimativa da população brasileira), ou para ser mais realista, se alguém imagina que os valores dos ingressos desses eventos sejam acessíveis a todos que quiserem marcar presença ao menos em uma partida de futebol ou um evento olímpico sequer?
Sendo assim, apenas esses argumentos já seriam suficientes para sermos contrários a realização de qualquer um dos eventos, mas para tanto ainda posso apontar muitos outros, a começar pelo absurdo de se gastar tanto dinheiro público em eventos esportivos enquanto muitos dos nossos morrem nas filas de espera dos péssimos hospitais públicos, para os quais os nossos governantes alegam sempre a falta de dinheiro para um tratamento minimamente humano dos pacientes; ou então, a falta de investimentos nos órgãos de segurança pública do país, que em virtude disso prestam serviços cada dia mais falhos, tornando-se dependente de alguma obra do acaso ou de uma denúncia anônima para a elucidação dos crimes, pois investigação sem investimento em material humano ou tecnologia simplesmente não existe; e temos ainda a questão da educação que, como não é segredo para ninguém, deve ser encarada como prioridade número um de um país, onde já resta mais do que provado que só o investimento maciço (e não a "merreca" de 7% do PIB nacional atualmente aplicado) pode gerar e impulsionar um país para o desenvolvimento pleno de sua sociedade; agora temos ainda àquelas questões que de súbito tomam conta dos noticiários, e mais uma vez nos mostram as "prioridades" dos nossos governantes, como por exemplo a catástrofe que envolvera os nossos irmãos brasileiros quando das chuvas na região serrana do estado do Rio de Janeiro, Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis praticamente foram varridos do mapa, passaram por uma tragédia proporcional às típicas cenas de guerra, e enquanto os nossos irmãos passavam, e certamente ainda passam, por toda sorte de dificuldades vemos tanto dinheiro sendo "investido" (ou desviado, roubado, furtado, surrupiado) nesses eventos totalmente desnecessários.
Mas enganam-se àqueles que diante de minhas afirmações me vêem como uma pessoa avessa à realização de eventos como esses, pois uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada sendo realizada de forma séria, honesta, organizada só tem a agregar valores econômicos, culturais e sociais ao país sede, mas para tanto só deve ser abrigado por um país que ofereça ao seu povo uma condição mínima de qualidade social, tal como ocorre em países como Alemanha (sede da Copa do Mundo de 2006) ou Inglaterra, que terá Londres como cidade sede das Olimpíadas de 2012, e jamais em países como a África do Sul ou Brasil.
Tudo que aqui eu disse, encontra a cada dia mais fundamento nos noticiários diários, e assim não há como alegarmos desconhecimento, cabendo à sociedade e aos órgãos fiscalizadores adotar uma posição mais fiscalizadora, pois não podemos admitir que ocorra em qualquer um desses eventos o que já presenciamos nos Jogos Pan-americano do Rio de Janeiro em 2007, onde foram investidos valores infinitamente superiores aos previstos inicialmente, ao ponto do chamado estádio do Engenhão ter sido previsto a um custo de 300 milhões de reais mas ser concluído com algo em torno de 1 bilhão de reais, para posteriormente ser dado como presente ao clube de futebol do Botafogo.

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