Muitos são os motivos que levam o agente público responsável pela Segurança Pública à desvirtuasse de sua função, e como desvios podemos apontar várias condutas, desde o mau atendimento à população até casos que envolvam a prática criminosa.
Mas dentre os motivos originadores das condutas "distorcidas" podemos destacar algumas como primordiais, e fundamentalmente responsáveis pela prática dos mais variados absurdos, e certamente a seleção de pessoal é uma das maiores responsáveis pela admissão de funcionários desprovidos de moral e ética para a prestação da Segurança Pública, pois é clara a deficiência na forma em que policiais são selecionados para o exercício de tão peculiar e sensível função, desde os requisitos exigidos até a produção e execução do exame para seleção; temos a seguir a fase de preparação onde a deficiência parece ser ainda maior, pois além da falta de critério quanto ao tempo de "academia", já que varia conforme a instituição (militar e civil), ainda sofre mudanças a partir de uma simples troca de comando, ficando ao critério do novo gestor de quanto será a etapa de preparação do novo policial, e, sem contar que, na prática, o que é lecionado em tais academias na prática está longe da realidade das ruas, mesmo porque há falta de material humano com a experiência e preparo suficiente para a formação de novos profissionais; a má remuneração como não podia deixar de ser, tem importante papel na conduta do policial, pois embora esta não seja um motivo que justifique o desvio de conduta, que parece muito mais relacionado ao caráter pessoal de cada um, não pode deixar de ser analisada já que diante dos valores oferecidos, nada mais óbvio que acabe por atrair muito mais pessoas desonestas, objetivando lucrar com a prática de condutas ilícitas, do que abnegados que apesar de tudo enalteçam a profissão, e mesmo diante de tanta "tentação" se contentem apenas com os seus míseros vencimentos diante da triste realidade de dificuldades financeiras que atravessa; a desvalorização profissional e a conseqüente desmotivação para o exercício dos seus atos, e aqui não há muito o que explanar, pois qualquer que seja a função exercida na iniciativa privada ou pública, é sempre razoável se imaginar que àquele que desempenha as suas atividades de forma correta e eficiente seja devidamente reconhecido em seu mérito, passando a sua conduta como um exemplo para os demais, e para tanto sendo adotadas medidas que o valorize, acabando por manter todos motivados para o desempenho do seu trabalho, o que na prática sabemos que não só não ocorre como na realidade policial tem efeito inverso, onde àquele mais avesso a labuta diária são sempre "premiados" enquanto os que tentam desempenhar com alguma honra e dignidade a sua função quase sempre sofrem as agruras da rotina policial; a falta de estrutura mínima para a prática eficiente do trabalho policial é mais do que conhecida, e por ela não devemos nos iludir com o fornecimento de viaturas, computadores, armas ou qualquer outro tipo de material de trabalho que seja, pois preciso é analisar se tais equipamentos se coadunam com a realidade do nosso trabalho, e se são devidamente condizentes com aquilo de que necessitamos, o que na prática, mais uma vez não ocorre, já que muitas vezes nos entregam carros que não podemos manter, computadores que não sabemos utilizar e armas que mais parecem terem sido rejeitadas pelo controle de qualidade da respectiva empresa, e portanto ideais para serem fornecidas à nós.
Estes foram apenas alguns dos fatores que pude lembrar e que na minha opinião nos levam a passar por um momento tão crítico na Segurança Pública, principalmente a paulista, já que esta é a minha realidade diária, e que acaba por explicar por si só o que temos visto nos últimos dias com a quantidade de policiais militares presos e envolvidos com a prática comum do crime organizado.
Mas a solução, certamente, não é de difícil execução e encontra-se nas mãos do chefe do executivo estadual que deve abordar de maneira incisiva e direta cada um dos pontos abordados aqui, e que se não o faz é porque não sabe fazer, não quer saber ou não tem interesse, pois a falta de dinheiro não é e nunca foi motivo para não se solucionar tais problemas.
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