sábado, 28 de maio de 2011

O Péssimo Exemplo do Caldeirão!

Infeliz daquele que viver neste país de gente tão canalha, pois é exatamente esse o sentimento que tenho no atual estágio em que nos encontramos.
A situação é crítica, há um futuro negro à nossa frente, pois nada é feito para o desenvolvimento intelectual de nosso povo, e este é o único desenvolvimento que pode nos garantir qualidade de vida.
E parece que a propaganda feita para nos incutir cada dia mais a idéia de que não podemos ter mais do que migalhas está a todo vapor, e presenciamos diariamente esta campanha para baixar a autoestima da nossa gente.
É um exemplo claro o que vi na televisão na tarde de hoje, durante o programa de Luciano Hulk, num dado momento, sinceramente não me lembro do nome do quadro, é apresentado uma criança, Macalé como é chamado, que, atravessando uma série de dificuldades financeiras como é extremamente comum no Brasil, acaba sendo levada ao clube do Flamengo para a cruel disputa da "peneira" (jogo em que o aspirante à jogador tem que participar para almejar o direito para treinar e jogar no clube), sob a supervisão da Presidente do clube, Patrícia Amorim, do técnico, Wanderley Luxemburgo, e da estrela do time, Ronaldinho Gaúcho, e tendo como padrinho o "digno" apresentador global.
Ai é que encontra-se o problema, um jovem neste país não poderia de forma alguma, ter como única esperança de crescimento social a prática futebolística, não que ele não pudesse dispor de tal opção, mas esta deveria ser apenas um dentre outras, principalmente a da educação com qualidade, pois não sei se é de conhecimento de todos, mas nestas famigeradas "peneiras" centenas de jovens se engalfinham por apenas uma vaga, e mesmo dentre os que conseguem a preciosa oportunidade, uma percentagem ínfima se torna jogador profissional, e muito menos ganham altos salários.
Portanto, mais justo que os nossos jovens entendam dessas dificuldades e optem em estudar para alçar uma vida melhor, e se ainda assim, concomitantemente, quiser se aventurar no esporte bretão o faça de forma descompromissada.
E o que o Sr. Luciano Hulk faz? Apresenta em seu programa um pequeno menino com a única opção de ser jogador de futebol, e não contente ainda passa outros péssimos exemplos para o mesmo e para o seu público, ou seja, ensina que para se atingir um objetivo no Brasil é preciso ter o dito "pistolão", no caso representado pela Presidente, pelo Técnico, pelo craque e, por fim, pelo próprio apresentador, pois, tenta massificar a idéia já tanto difundida por aqui de que sem uma "mãozinha" não se chega à lugar algum.
Ocorre que, para atingir o seu vil objetivo de difundir a cultura do conformismo social, já que busca mostrar ao povo que para melhorar a sua condição não há muito o que se fazer, ele em momento algum se preocupa em expor uma criança ao trauma da responsabilidade em atingir o determinado objetivo, pois da sua "vitória" depende não só ele como toda a sua família, e se não vencer será o único responsável pela degradação de seus entes queridos. Ou alguém me garante que após o apagar das luzes e depois do Sr. Hulk ter alcançado os índices de Ibope que deseja, lembrará deste pequeno cidadão, principalmente se a sua carreira como jogador não tiver o prosseguimento sonhado?
E assim minha gente, esse tipo de programa, do qual não sou espectador usual, só vem a prestar um desserviço ao país, assim como muitos outros, ou melhor, assim como quase todos, já que é flagrante a escassez de programas educativos, informativos e culturais, e portanto devem ser ignorados e combatidos, pois se evidencia neles que embora queiram dar a impressão de prestar um serviço à alguém humilde e pobre, na realidade estão defendendo os pilantras de sempre.

Um comentário:

EDISON disse...

Meu caro Erick:

Isso faz parte de uma estratégia amplamente utilizada por nossa perversa elite dominante, como propaganda ideológica, disseminando de forma persuasiva para toda a sociedade que uma pessoa pobre e humilde, com força de vontade "chega lá". Passam-nos ainda a idéia de que os "padrinhos" tem bom coração. Omitem, obviamente, que todos dentro de uma sociedade devem ter oportunidades iguais e direito uma uma vida digna.

Compartilho com você essa indignação e penso que somente o aprimoramento do senso crítico em cada um de nós, nos tornará imunes a esse tipo de ataque ideológico.