terça-feira, 10 de maio de 2011

A Miséria no Brasil!

Afinal de contas o que é miséria? E dentre os nossos irmãos brasileiros quem são os miseráveis? Ora, para a primeira pergunta me socorri ao dicionário, pois ali era certo que encontraria a definição exata do termo, sem interferência alguma dos interesses políticos, e lá constatei algumas definições como: estado de miserável; falta de recursos, penúria, pobreza extrema; estado indecoroso, indigno, vergonhoso; coisa que inspira lástima.
Ora era evidente que as definições do dicionário seriam duras, porém verdadeiras, pois não há ali interesses envolvidos além de decifrar e explicar a língua pátria, tão evidente quanto, é o fato de, na prática, sabermos exatamente o significado do termo e as conseqüências que tal estado provoca na vida de um cidadão, como da sociedade.
Um ser humano classificado como miserável é algo que, antes de agredido fisicamente é aviltado em sua honra, em seu direito à dignidade, pois numa nação justa a dignidade da pessoa é o ponto de partida para a justiça social.
Que nação pode vislumbrar um futuro para o seu povo sabendo que parte dele não dispõe do mínimo para a sua sobrevivência?
Agora o que dizer de uma nação que encontra em valores monetários uma forma de classificar o seu povo e o seu estágio social?
Pois é assim que as nossas autoridades classificam quem pertence a classe A, B, C, D, E, ..., onde por dedução, sabemos que um número exíguo do nosso povo enquandra-se na classe A, enquanto a grande maioria localiza-se nas classes B, C e D, já que pelos critérios do governo na classe E constam apenas àqueles "cidadãos" que possuem uma renda mensal inferior à R$ 70,00.
Então ficamos assim, uma pessoa com renda inferior à R$ 70,00 é miserável, portanto pertence à classe E e ponto final, não se discute.
Mais uma vez me utilizo do recurso dedutivo para entender a classificação do nosso povo segundo o entendimento do governo, até R$ 69,00 de renda por mês é miserável, agora se alguém tiver um rendimento de R$ 70,00 por mês é o que? Pela classificação governamental já não é mais miserável, portanto não incluído na classe E, e pela ridícula diferença de 1 real em sua renda é evidente que não alcançara a classe A, portanto mais óbvio que esteja na classe D.
E não fico por aqui, àquele "miserável" que se atreve a manter-se vivo com apenas 69 reais por mês, sobrevive com algo um pouco acima dos 2 reais por dia, e por isso só ganha o "direito" de ser miserável, mas e se alguém no auge do atrevimento humano dobrar tal rendimento, passando a 4 reais diários ou mesmo a uma nota inteirinha de fabulosos 5 reais, como este "empreendedor" miserável passará a ser classificado? Pelo muito que conheço do caráter dos nossos políticos provavelmente será ele classificado como um futuro Eike Batista? Certamente, com os seus 4 ou 5 reais diários, o que lhe representá algo entre R$ 120,00 e R$ 150,00 de renda mensal, ele será enquadrado em alguma faixa que o incluirá como contribuinte da receita federal.
Esta é a situação meus senhores, com tal classificação o governo enquadrou como miseráveis 16.200.000 de brasileiros, representando 8,5 % do total de nossa população, números altos com certeza, mas claramente mais palatáveis aos olhos da sociedade e principalmente às estatísticas governamentais, já que podemos imaginar o quanto representaria em nossa realidade se acaso os números adotados para classificação dos miseráveis fossem algo em torno do 120 ou 150 reais de renda mensal, ou alguém vê fartura na vida desses nossos irmãos? 

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