sábado, 9 de abril de 2011

A Crônica de Várias Mortes Anunciadas.

Pretendo aqui fazer inicialmente um paralelo entre a trágica morte de nossas crianças com a história do livro de Gabriel Garcia Márquez, "Crônica de uma morte anunciada", pois neste como na tragédia que se abatera sobre nós havia, de alguma maneira, a ciência de que tal fato ocorreria em algum momento.
E agora, passado o golpe do massacre de Realengo várias questões ficam sem respostas como, quem são os culpados? O atirador é o único responsável por toda a tragédia? Como ele entrou tão facilmente na escola? Como ele conseguira o acesso tão fácil à armas e munições? O ocorrido poderia ter sido evitado? Qual a responsabilidade da Prefeitura, do Governo do estado fluminense e do Governo Federal?  Alguma coisa providência será adotada para se evitar a mesma situação futuramente?
Bem não tenho dúvidas que para cada questão haverá tantas respostas quanto houverem pessoas a serem perguntadas, e sendo assim, caberá à nós decidirmos sobre quais respostas estará dentro do que acreditamos ser a atitude correta a se adotar para cada questão.
Foi pensando nisso que, dentre as várias posições sobre este mesmo tema,  separei aquelas com opiniões que parecem tocar em alguns pontos cruciais do tema, com base nelas exporei aquilo que penso.
Temos a opinião do Deputado Chico Alencar (PSOL/RJ) que foi muito duro com a questão das armas e munições em poder do atirador, chamando a responsabilidade sobre o episódio para os que permitem a facilidade no acesso às armas, os que estimulam práticas intolerantes e de desrespeito às diferenças, "Há muitos dedos neste gatilho." - declarou. "Temos de reavaliar o estatuto das armas, fortalecer o controle do uso de armas de fogo, que tem de ser cada vez mais restrito. [Este fato] é algo que do horror tem de gerar algum valor.", completou. 
"É hora do Congresso fazer a sua 'mea culpa', em especial a famigerada 'bancada da bala', cujos deputados defendem incondicionalmente os interesses dos fabricantes de armas e munições."
"Em 2005, o Congresso se escondeu por detrás de um referendo sobre a proibição da comercilaização de armas de fogo e munições. Diante de um parlamento incapaz de votar e decidir a questão, perguntou-se a uma população acuada e insegura se 'o comércio de armas de fogo e munição deveria ser proibido no Brasil'. É claro que 64% dos votantes rejeitaram a tese."
"Seis anos depois, depois das doze trágicas vítimas fatais da escola de Realengo, é hora de perguntar de quem são os 'muitos dedos' que apertaram o gatilho em plena sala de aula. Mas também pode ser mais cômodo debitar tudo na conta da loucura de um jovem de 24 anos, que, apesar da pouca idade e da falta de razão objetiva, teve acesso a dois revólveres calibre 38. E fez uso deles."
De outro lado aparece o nosso Ministro da Educação, Fernando Haddad, como querendo se desvincular de qualquer responsabilidade (como é bem típico deste tipo de gente), afirmando, apenas um dias após o massacre, que nenhuma instituição de ensino conseguiria evitar um ataque semelhante, "Nenhuma escola, nem qualquer outro espaço público, estaria preparada para um evento dessa natureza. A reflexão sobre segurança tem de acontecer e tem de ser permanente, mas o que sabemos pela experiência mundial é que a escola aberta é mais protegida quando freqüentada pelos pais, ex-alunos e vizinhança." 
A opinião foi reforçada pela secretária municipal de Educação, Cláudia Costin. "Não há proteção contra um psicopata que entra numa escola armado e faz o que fez (...) Uma escola que tivesse proteção necessária para impedir isso não poderia ser chamada de escola."
Ora o que posso dizer? Por mais absurdo que possa parecer não creio que o atirador Wellington Menezes de Oliveira seja o único culpado, já que, além de não estar no seu juízo perfeito, e portanto, não encontrava-se no domínio de seus atos, ele conseguira de forma muito fácil e absurda adentrar a escola sem se quer ser questionado por quem quer que seja, e para isso vale lembrar que uma instituição de ensino tem como principal função a de ensinar os seus alunos, mas ao deixar os seus filhos na escola os pais contam que durante o tempo em que estiverem em aula estarão em segurança dos males das ruas, e surge então uma função secundária das instituições de ensino, a de prover a segurança e o bem estar dos seus alunos durante o período em que estiverem aos seus cuidados; portava o mesmo, duas armas e muita munição, e dai ressurge a velha questão, como tivera acesso a este armamento? E como resposta peço que leiam com atenção o meu post "A Origem do Mal!" com a entrevista concedida por Wálter Maierovitch à Carta Capital abordando o tema do Tráfico Internacional de Armas.
Agora ouvir de representantes oficiais das várias esferas de governo de que o ocorrido era inevitável, é um absurdo, a educação há muito não é levada à sério em nosso país, e como principal motivo encontramos o fato de estar ela entregue à estes lixos. Ora, é lógico que em termos de segurança não há nada 100% garantido, agora deixar uma escola totalmente desprovida do mínimo necessário com a justificativa de que não adianta em nada ter segurança no local é o cúmulo do absurdo, e só podia partir de alguém que quer tirar o seu da reta (desculpem-me pelo termo).
Dizer que, "... mas o que sabemos pela experiência mundial é que a escola aberta é mais protegida quando freqüentada pelos pais, ex-alunos e vizinhança."  Ora uma coisa é uma escola aberta aos pais, ex-alunos e vizinhança ou a comunidade como um todo, outra bem diferente é uma escola totalmente desguarnecida do mínimo de segurança e vigilância, "escola aberta" não pode ser sinônimo de "casa da mãe Joana" onde qualquer um entra sem ter que dar qualquer satisfação.
Afirmar que, "Não há proteção contra um psicopata que entra numa escola armado e faz o que fez (...) Uma escola que tivesse proteção necessária para impedir isso não poderia ser chamada de escola." Ora enquanto as escolas públicas não contarem com ao menos alguma segurança, jamais saberemos se o que ocorreu teria realmente se efetivado e nas mesmas proporções em que se deu, então como pode uma pessoa afirmar que não haveria proteção contra um psicopata que entra armado em uma escola? E, concluir que, se uma escola tivesse a proteção necessária para impedir isso não poderia ser chamada de escola, ai se materializa de uma vez o quanto safadas são as autoridades envolvidas neste caso.
Temos que exigir dos nossos "comprometidos" governantes que a qualidade de nossa escola pública se equivalha as das melhores escolas particulares do nosso país, nada menos, e o dinheiro tem que aparecer, e aparecer é o termo certo, pois ele existe só que está indo para o lugar errado (e por lugar errado entendam como a sua consciência achar melhor).
Por fim deixo os nomes dos principais culpados por toda a tragédia ocorrida com àquelas inocentes crianças:
Eduardo Paes - Prefeito do Município do Rio de Janeiro, responsável pela escola Tasso da Silveira e por sua total falta de segurança;
Sérgio Cabral - Governador do Estado do Rio de Janeiro, responsável pela Segurança Pública e por permitir que uma pessoa ande armada pelas ruas após adquiri-las sem a menor dificuldade;
Dilma Roussef - Presidente da República que apesar de contar com pouco mais de 100 dias de governo já faz parte do governo petista a muito tempo, tempo suficiente para, caso houvesse interesse, ter combatido de forma eficiente a comercialização ilícita de armas e munições no país (vejam o meu post "A Origem do Mal");
Povo brasileiro - Que apesar de tudo o que os nossos representantes políticos deixam de fazer ainda continuam optando por escolher entre estes lixos aquele menos pior, e por mais uma vez não enxergar a conveniência em debitar nas costas de um atirador insano toda a culpa por um ato que se não podia ser evitado, certamente poderia ter as chances de sua ocorrência reduzidas a índices muito mais baixos, caso o estado fizesse o uso correto do nosso dinheiro. 

Nenhum comentário: