domingo, 24 de abril de 2011

A Ditadura Militar No Brasil.

Há muito se discute a necessidade ou não da abertura dos arquivos da ditadura, sendo que muitos pregam a revisão da anistia política concedida aos membros de ambos os lados, militares e os seus contrários, sob o argumento de que no tocante aos atos de tortura praticados pelos militares não caberia tal concessão.
São inúmeras as manifestações pela averiguação dos acontecimentos que vitimaram inúmeras pessoas contrárias ao governo militar golpista, durante os obscuros anos de chumbo, sendo que em momento algum se pronunciam por uma devassa ampla, objetivando aferir a responsabilidade e os atos de todos os envolvidos, pertencessem eles ao grupos dos governistas ou aos seus opositores, mas ai é uma outra história.
O que pretendo aqui é convidá-los a uma reflexão sobre o tema, pois me soa estranho tantas manisfestações oriundas dos mais variados personagens, mas raramente dos principais interessados. Por parte dos militares já é pública a posição de que a anistia fora ampla, geral e irrestrita, e, portanto não os interessaria uma investigação sobre os atos praticados durante o período, mas e quanto aos seus opositores à época? Àqueles mesmos que bradam à plenos pulmões o quanto foram perseguidos, torturados e humilhados, e que hoje encontram-se em grande parte governando o país.
Vemos agora, mais do que nunca o tema ressurgir, embora estes mesmos protagonistas já estivessem em posições de comando no país desde o período de "flexibilização" política em 1982, atingindo o comando pleno sobre os destinos da nação já em 1985 com a abertura política, consolidado pela promulgação da atual Constituição Federal em 1988 e pela primeira eleição direta para Presidente da República em 1989, mas ainda assim, não se manifestaram de maneira decisiva sobre algo que seria óbvio, já que haviam sofrido tanto de forma injusta e cruel, e àquele seria o momento, pois o regime militar havia ruído por completo e o país passava a respirar novos ares, ares de democracia, liberdade e justiça.
Mas estranhamente não foi o que se viu, os maiores interessados não se pronunciaram até hoje, e por que? Será que diferente daqueles que gritam por uma investigação sobre o que os militares teriam cometido à época, eles temem por algo? Não lhes seria interessante confrontar os militares por questões políticas ou de consciência? Será que estes que hoje comandam a nação na realidade não foram tão perseguidos assim? O que estes representantes do grupo que "lutava" contra o regime militar tanto temem? Qual a verdade que muitos dos que hoje governam o país hoje não querem ver revelada?
Sei que são muitas as perguntas, mas pensem comigo, faz algum sentido, já que contamos atualmente com 26 anos do fim da ditadura militar e ainda assim quase nada foi sequer revelado como a abertura total dos arquivos da época, quanto mais com o julgamento daqueles que porventura tenham cometidos crimes nos 21 anos de regime, embora em vários outros países da América do Sul muitos já estejam cumprindo penas por atividades similares as cometidas aqui.
Vemos recentemente a Presidente Dilma determinar o fim dos sigilos eternos, mas pessoalmente vejo este ato como extremamente tímido, ainda mais levando-se em conta que ela como tantos outros "sofreu" nas mãos de facínoras.
Por mim, creio que se havia algo que justificasse uma investigação procurando determinar os responsáveis pelos atos criminosos durante a ditadura militar, ele deveria ter sido apurado na época devida, ou seja, logo ao seu fim, pois tanto as provas como os culpados ainda encontravam-se em evidência. E deveriam apurar os atos praticados por ambos os lados, pois é clara a participação dentre os opositores do regime, de criminosos comuns que se acobertaram sob o manto da resistência à ditadura militar, e que na minha opinião povoam grande parte dos postos de comando em nosso país atualmente.
Que o regime militar durante o período de ditadura fora um golpe de estado incentivado e financiado pelos Estados Unidos creio não haver mais dúvidas, que durante os anos que se seguiram foram cometidos os mais variados e sórdidos crimes contra àqueles apontados como contrários ao sistema vigente, também acredito não caber discussão, mas que dentre os que se opunham ao regime, somente àqueles que o faziam por ideologia não sobreviveram, isto para mim é muito evidente, é óbvio que alguns que se moviam por questões ideológicas ainda conseguiram resistir a toda sorte de sofrimento e ainda hoje estão entre nós, mas certamente nenhum deles encontram-se em posições de comando neste país, posições que se restringiram aos que souberam se beneficiar dos sonhos de outros, e que como única ideologia tem o de assumir o poder a qualquer custo e para beneficio próprio.

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